A ÁRVORE DE BETO




A Árvore do Beto




Lá na minha rua tem um menino chamado Beto.

O Beto é amigo de todo mundo.

Não é amigo só dos meninos, não.

Ele é amigo do dono da padaria, seu Júlio... Toda manhã o Beto entrega o pão na nossa rua.

Ele é amigo do sapateiro, seu Bertoldo... Ele até está aprendendo a consertar sapatos.

É amigo do seu Nicolau, um velho engraçado, que faz pipoca para a gente. É o Beto que faz as compras para ele.

O Beto tinha uma vontade de ter uma árvore de Natal. Era o sonho dele. Uma árvore grande, como a da casa do Caloca. Mas o pai de Beto não podia comprar a árvore para o Beto.

Um dia, Beto teve uma ideia. Lá na nossa rua tem um terreno vazio, um terreno baldio. O Beto resolveu plantar uma árvore lá e esperar até que ela crescesse. Limpou um pedaço do terreno... Arranjou um pouco de adubo com seu Alexandre, o jardineiro... Comprou uma muda pequenininha de pinheiro... E plantou no terreno. Todos os dias, o Beto regava a mudinha dele. Revolvia a terra em volta, tirava os galhinhos secos. Vigiava para não subir formiga. Cuidava da plantinha como se fosse uma gentinha. E a plantinha foi crescendo, forte e bonita. Eu não sei quanto tempo o Beto cuidou daquela planta. Foi muito tempo... Até que a árvore do Beto ficou grande, cheia de galhos, uma beleza! Prontinha para virar árvore de Natal.

Na véspera de Natal, o Beto pediu para seu Nicolau ajudar. Ele ia levar a árvore para casa.

Seu Nicolau veio, com um serrote e uma lata.

- Para que este serrote, seu Nicolau? - Beto perguntou.

- Ué, é para serrar a árvore, você não quer pôr a árvore na lata, para levar para casa?

- Ah, mas assim vai matar a árvore!

- Bem, é assim que todo mundo faz. Serra o tronco da árvore e enterra numa lata.

- Ah, mas isso eu não quero. Minha árvore deu tanto trabalho... Eu gosto muito dela. Não quero matar, Deus me livre...

- Bom, a gente pode desenterrar com cuidado, serrar as raízes...

- Ah não, seu Nicolau, piorou! Serrar as raízes? Parece até que vou serrar as pernas dela...

- Mas, então, não tem jeito Beto.

Beto estava com os olhos cheios de lágrimas.

- É, então não tem jeito. Eu é que não vou matar a minha árvore.

E o Beto foi para casa muito triste.

A mãe do Beto ficou com pena dele. Fez um bolo de chocolate, que ele gostava. Fez cocada, fez rabanada...

O pai fez um papagaio lindo para ele.

Os irmãos não sabiam o que fazer para ele ficar contente.

O Beto estava muito desapontado. Mas cortar sua árvore? Nem pensar!

Aí o Beto começou a reparar que havia um movimento diferente lá na rua. O pessoal todo passava, pra lá e pra cá, apressado, com embrulhos. Seu Nicolau, seu Bertoldo, seu Júlio, os meninos...

Beto chamava os meninos:

- Vamos jogar bolinha, Maneco?

- Agora não posso, Beto. Estou ocupado.

- Vamos empinar papagaio, Caloca?

- Agora não, Beto, amanhã, tá?

Beto não entendia nada...

Quando já era noite, a mãe do Beto chamou:

- Vá tomar banho, meu filho. Está na hora da festa.

A mãe do Beto estava toda arrumada, como quem ia sair.

- Nós vamos sair, mãe?

- Vamos sim Beto. Vá se arrumar, ande.

O pai de Beto estava impaciente:

- Vamos embora. Só estão esperando a gente...

- Onde, papai? Aonde nós vamos?

- É logo ali, Beto, nós vamos à sua festa...

A festa do Beto era no velho terreno baldio. E Beto foi. E, quando chegou lá, sentiu que era uma verdadeira festa de Natal!

O terreno estava limpo. Todos os amigos estavam lá: seu Alexandre, seu Bertoldo, seu Júlio, dona Neném, os meninos.... Havia luzes; estava tudo enfeitado. E, no centro do terreno, estava a sua árvore. Grande, brilhante, exatamente como ele tinha sonhado. Cheia de luzes, de bolas coloridas, de guirlandas prateadas. A sua árvore, o seu pinheiro, com os galhos compridos, pesados de presentes.

E todos os seus amigos tinham trazido de casa comidas gostosas.

Tinham arrumado uma mesa bem grandona.

Todos tinham vindo passar a noite de Natal com o Beto.

Todos queriam estar juntos. E uns diziam para os outros:

- Feliz Natal! Feliz Natal!

E o Beto pensava, comovido e feliz:

- Para quem tem tantos amigos, todo dia é dia de Natal....

Ruth Rocha



 


                                 
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